Patriotas às avessas: tem defensor da família que trai, honesto que dá calote e patriota que baba americanos 5d6447
Artigo escrito e publicado por João Filho - Jornalista, Radialista e Pesquisador 5p102s

O brasileiro sempre foi um sujeito que merece ser estudado — mas desde 2018, ou a preocupar até pesquisadores da NASA. Com a candidatura de Jair Bolsonaro e o bordão “Deus, Pátria, Família e Liberdade”, surgiu uma legião de brasileiros que se dizem “de direita”, “conservadores” e “patriotas”. Só que, na prática, fazem exatamente o contrário do que o lema sugere. 4w5m6i
Não é preciso ir longe para encontrar um sujeito que bate no peito para dizer que ama a pátria, mas está sempre enrolado na bandeira dos Estados Unidos ou de Israel. É fácil encontrar alguns autoproclamados defensores da família. Os mesmos que andam às escondidas traindo, e protagonizando escândalos públicos, inclusive episódios de agressões a mulheres. Ainda assim, posam de moralistas e clamam por valores familiares nas redes sociais.
O “honesto”, então, é quase uma figura folclórica. É o que dá calote no comerciante do bairro, atrasa a conta da Cemar, compra no cartão do amigo e não paga, toma cerveja fiado no bar do vizinho e finge amnésia seletiva. Recebe seguro-defeso sem nunca ter pescado um lambari. Aposenta-se com laudos forjados, compra voto com cimento e cerveja para virar vereador, deputado ou senador e ainda diz que é contra “o sistema”. E adivinha? Se diz bolsonarista.
Tem também o anti-maconha — só que vive em clínicas de reabilitação, porque usa drogas às escondidas. É o falso moralista que prega uma coisa e faz outra, enquanto afunda a própria família no caos que diz combater.
Mas a categoria mais numerosa talvez seja a do “evangélico de WhatsApp”: cristão de fachada, que ataca o PT, odeia comunistas, se diz pró-vida, pró-armas e defensor de Israel — um país que, ironicamente, legalizou o aborto e a maconha. Um falso profeta, de Bíblia na mão e ódio no coração, com o cérebro entupido de corrente de zap.
E há os devotos do absurdo: os que oram por pneus, os que veem sinais de Deus em alienígenas, e os que acreditam que Bolsonaro continua governando o país, só que agora no corpo de Lula. Um delírio coletivo que transformou parte da população em zumbis ideológicos.
O bolsonarismo fez um mal imenso ao Brasil. Quem não foi contaminado escapou fedendo. Quem foi, continua apodrecendo — e contaminando outros, inclusive dentro das igrejas, onde o discurso de amor ao próximo virou sinônimo de armas, intolerância e fake news.
Sob o delírio bolsonarista, até o consumo virou manifestação ideológica: após a vitória de Lula em 2022, bolsonaristas só querem comprar produtos caros. Se o preço do arroz cair, sai do cardápio. Entre um pacote de 5kg por R$ 20 e outro por R$ 35, o patriota de WhatsApp diz escolher o mais caro “porque é capitalista”, mesmo recebendo um salário mínimo por mês.
A ciência já desenvolveu vacinas para dengue, Covid-19, sarampo, catapora e tétano. Mas ainda não criou uma cura para o bolsonarismo — e, se criar, não adianta: eles não tomam vacina. Por enquanto, quem tem aplicado o único tratamento eficaz é o STF, com doses firmes de Xandão em gotas. E como eles rejeitam tudo que é amargo, que venha logo o comprimido revestido — de preferência, por algemas.
Enquanto isso, seguem cometendo atrocidades em nome de “Deus, pátria e liberdade”: invadiram os Três Poderes em Brasília, destruíram patrimônio público, pediram intervenção militar, ameaçaram jornalistas, agrediram opositores, armaram acampamentos golpistas e, em nome de Jesus, planejaram até assassinatos. Tudo isso em nome de uma pátria que dizem amar — mas que sabotam todos os dias.
“Quem precisa anunciar sua fidelidade ou honestidade para convencer os outros, na verdade, revela que não possui essas virtudes — pois quem é de fato fiel e honesto não faz propaganda: simplesmente age com integridade, e a sociedade reconhece por si mesma.”