Mical Damasceno prefere Carlos Brandão ou os cargos do hospital Macroregional de Viana? 1r5q18
Deputada bolsonarista teme perder o controle do Hospital Macroregional de Viana com Felipe Camarão no Palácio dos Leões 1o4o3d

Há meses em que a deputada estadual Mical Damasceno parece acordar movida por um misto de inspiração e rancor. Nessas ocasiões, sobe à tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão para destilar suas falas repletas de contradições — o que já virou motivo de deboche nas redes sociais entre maranhenses que ainda exercitam o senso crítico diante da política local. 3f6i6h
A parlamentar, que se apresenta como bolsonarista convicta, vive em constante ataque a petistas e socialistas, mesmo quando usufrui diretamente dos benefícios estruturais e políticos oriundos dessas mesmas istrações. É o caso da Assembleia Legislativa, que integra, e do governo estadual, comandado por Carlos Brandão (PSB), que Mical agora tenta preservar — por puro cálculo político.
Embora diga combater o aparelhamento do Estado e a cobrança de impostos, Mical Damasceno ocupa cargo financiado exatamente pelos tributos pagos pela população — inclusive pelos mais pobres. Ela é, também, peça-chave na articulação política que sustenta sua base eleitoral. Com influência direta sobre o Hospital Macroregional de Viana, a deputada utiliza o espaço como plataforma de poder, empregando aliados e apadrinhados — em sua maioria, indicados por lideranças da Assembleia de Deus, da qual faz parte.
Recentemente, protagonizou um episódio emblemático: gravou um vídeo em tom de “fiscalização” dentro da unidade hospitalar sobre a qual exerce amplo domínio. O gesto, no entanto, soou mais como performance do que como ação de fiscalização legítima. Afinal, trata-se de uma estrutura pública que ela própria controla nos bastidores.
Esse cenário explica o motivo do seu desconforto com a possibilidade de o vice-governador Felipe Camarão (PT) assumir o comando do Executivo estadual com a possível saída de Brandão em 2026. A substituição temporária, prevista para abril, pouco antes do período eleitoral, ameaça o controle político que a deputada mantém na região. Perder esse poder comprometeria diretamente seu projeto de candidatura à Câmara Federal.
Por isso, apesar de seu discurso radical contra a esquerda, não será surpresa aos maranhenses, se Mical se alinhar, mesmo que indiretamente, à continuidade da gestão de Carlos Brandão. O interesse, nesse caso, não é ideológico, mas estritamente estratégico. Brandão, no entanto, não deve — ou não deveria — se prestar ao papel de um novo “Zé Reinaldo Tavares”, conduzido por acordos locais para garantir apoios frágeis e incoerentes.
Mical reproduz, em sua trajetória, o estilo político aprendido no seio familiar. Seu pai, o pastor Pedro Aldi Damasceno, também se dizia adversário da esquerda, mas manteve relações próximas com o então governador Flávio Dino (PCdoB). Em 2018, segundo relatos de bastidores, a Assembleia de Deus teria negociado apoio político em troca de cargos de capelania no governo comunista.
A história se repete: o discurso moralista e combativo se desmancha quando confrontado com os bastidores do poder. A deputada bolsonarista, ao que parece, domina bem esse jogo — e joga conforme sua conveniência.