Aprovação de 62%? Só se for no corredor da folia 5d44
Artigo escrito por Alberto Roberto - O Pensador do Interior 6h3265

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Quaest no último dia 10 de abril aponta que o governador do Maranhão, Carlos Brandão, tem 62% de aprovação popular. Mas quem vive a realidade do estado — seja enfrentando a precariedade dos ferryboats ou arriscando a vida nas rodovias estaduais — se pergunta: quem, afinal, foi ouvido nessa pesquisa? 4b5c5s
A sensação de incredulidade não é gratuita. Em um estado onde a infraestrutura básica está em frangalhos e os serviços públicos beiram o colapso, dados como esses mais parecem parte de uma peça de ficção — ou, quem sabe, de marketing político financiado a peso de ouro.
Nas rodovias estaduais, a situação é de calamidade. A MA-014, por exemplo, que liga Vitória do Mearim a Três Marias, está abandonada, assim como a MA-106, entre o Porto de Cujupe e Pinheiro, onde o asfalto se desfaz e os “tapa-buracos” feitos com barro e breu viraram rotina — tudo sob a supervisão da já conhecida Edeconsil, empresa recorrente nos contratos milionários do governo Brandão.
No interior, o cenário não é diferente. Obras como a pavimentação dos povoados Raimundo Sú e Oitiua, em Alcântara, estão paralisadas, esquecidas pelo poder público estadual. Promessas que ficaram pelo caminho, deixando para trás lama, poeira e frustração.
E a crise se estende para além da infraestrutura. Na saúde, a Farmácia Estadual de Medicamentos Especializados (FEME), localizada na Praia Grande, virou um símbolo de descaso. Pacientes com câncer — entre os mais frágeis e necessitados — voltam para casa de mãos vazias e sem previsão de receber os remédios de que tanto precisam. É o Estado falhando onde deveria ser mais humano.
Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos hospitais de menor complexidade, o caos se repete. Além da precariedade nos atendimentos, surgem denúncias graves de assédio moral contra servidores, como nos hospitais Aquiles Lisboa e Genésio Rego. E o governo? Silêncio absoluto. Nenhum esclarecimento, nenhuma exoneração conhecida, nenhum sinal de apuração rigorosa.
Diante desse panorama, é difícil acreditar que Brandão tenha realmente conquistado mais de 60% de aprovação. Parece mais provável que a pesquisa tenha sido feita em pleno Carnaval, ali no corredor da Litorânea, entre um show de Wesley Safadão e outro, quando a euforia e a cachaça ainda ofuscam o senso crítico.
Na Assembleia Legislativa, onde reinam acordos e alianças, a aprovação pode até ser real. No corredor da folia, regada a festas e contratos, também. Mas pergunte a quem precisa atravessar a Baía de São Marcos num ferry sucateado. Pergunte a quem percorre a MA-014 com medo de morrer num buraco. Pergunte a quem depende da FEME para continuar o tratamento de câncer.
A resposta será bem diferente da apresentada pelos gráficos coloridos das pesquisas eleitorais.
A eleição de 2026 ainda está longe, mas a disputa pela narrativa já começou. E, ao que tudo indica, o governo Brandão quer pintar um Maranhão que só existe nas planilhas encomendadas — e não no asfalto esfarelado da realidade.